Experiência de viado que gosta de hetero na Alemanha, Berlim

Eu sou uma pessoa que tem uma curiosidade pela segunda guerra mundial muito grande e alem disso, tem um cara alemão que eu gosto dele, porem ele é muito requisitado assim como todo hétero que eu gosto.

Pra começo de conversa, tanto os gays do Brasil como os gays do mundo inteiro são todos SEM aquela graça, aquele tempero especial, aquele olhar de gavião que só os heterossexuais têm, por mais bonitos que sejam, os gays sempre tem um quê de mulher madura com aquele olhos amendoados que parecem ter usado um lápis de olho preto, todo gays é assim, cara de moça indefesa que apanhou muito, isso invariavelmente.

Os alemães todos andam com aquela cara de quem teve a lei trabalhista do Temer aprovada: todos com cara de infelizes que trabalharam 18 horas por dia e que não tem tempo para ter qualidade de vida. Imagine a cara de uma pessoa que deve ao banco mais do que ganha e que precisa trabalhar em dois empregos para sobreviver, essa é a cara do homem alemão, uma cara de cansado e cheio de coisas para fazer rapidamente. Se você ver um homem em Berlin sorrindo, ele certamente não é alemão ou está bêbado. Todo alemão hetero tem cara de pessoa endividada que é triste por viver só para pagar dívidas: cansados, rápidos e sem tempo para esboçarem felicidade.

Em compensação o homem alemão, diferente do ogro heterossexual brasileiro, não  é tão machista e homofóbico.
Diferentemente dos homens brasileiros, um alemão heterossexual quando vê que outro homem é viado, ele não escarra no chão, ele simplesmente ignora. Outra coisa diferente do macho brasileiro é que os heteros alemães não ficam lhe encarando na rua pra mostrarem que são machos,  no máximo dão uma olhadinha e baixam a cabeça ou mudam o olhar pra outra direção. Já no Brasil , o macho que baixar os olhos primeiro é tido como o mais fraco.

Os alemães heterossexuais não têm muito costume de lhe encararem na rua se você não faz algo condenável, porem

nos locais mais fechados de entrada mais controlada como comércios ou agências, não sei se por eu ser negro ou por eu ser viado ou pelas duas coisas, eles olham sim, e olham tipo aquelas três bichas do clipe “Que tiro foi esse ” da Jojo Marontine, onde três negros, uma gordinha, uma gay de brinco enorme e calça legging e uma moça magra são hostilizadas pelo jeito de olhar de três bichas que já estavam dentro da casa noturna as quais simbolizavam “as inimigas”.

Eu fui à um mercado na rua da namorada do cara que eu gosto, o mercado tinha o nome estranho , se chamava REWE e sua entrada parecia mais a de um banco Bradesco, dentro tinha 3 rapazes adolescentes bonitos e heteros que pareciam atores de malhação, notei que eles ficaram me olhando que nem “as inimigas” da foto acima.  Como eu já estou acostumado ser uma afronta para a sociedade, continuei normalmente fazendo as minhas comprinhas , afinal de constas o desprezo masculino é o carma da minha vida. Eu posso ir para o planeta Plutão que certamente existirá um heterossexual alienígena por lá para  me fazer sentir mal por eu gostar de homens.  Depois dos alemães heteros verem que eu não tava nem aí, aí se tocaram e pararam de me olhar como se eu fosse a “beleza rara”.

Bem, vamos ser sinceros, na Alemanha  você cansa de ver tanta gente loira, eu sempre tive atração por homens loiros, eles são filhos de vênus e por isso dão muita sorte para o amor, mas tinha uma hora que eu queria ver pessoas de outras cores e tipos e por isso eu digo que talvez não seja nem maldade dos alemães a forma que nos olham em locais fechados, digo isso pois eu, também já habituado de ver só gente clara, uma vez vi de surpresa um nigeriano na esquina, levei um susto por poucos segundos, afinal você está acostumado a ver só gente de uma forma, quando aparece de outra parece que sua cabeça não reconhece mais e buga. Mas também eu não quero com isso dizer que não seja racismo, pode até ser, assim como no Brasil o macho luta, mata e cria maior tempestade num copo de água, na Alemanha as pessoas lutam, matam e criam um perrengue por causa de questões raciais. A raça está para os alemães assim como a heterossexualidade está para alguns machões brasileiros.  Eu acho que muita gente na europa não se lembra mais do livro A Evolução das Espécies de Charles Darwin para dar tanto valor assim a questões de raça. Mas enfim, isso é coisa do mundinho deles e não vai ser eu que vou mudar isso. Poderíamos até ser um congresso ou simpósio dos machistas brasileiros se encontrando com os alemães para lhes ensinarem o conceito de macho sobre todas as coisas. Numa reunião dessas, não sei o que prevaleceria: o medo de dar o cu e não ser mais hétero ou o medo dos alemães de perderem o tal pedigree que tanto se orgulham. Raça no Brasil é tema só de donos de cães que desejam vender as suas crias, na Alemanha é quase um machismo sagrado modificado pra cor da pele.

Eu até hoje não tive coragem de dar em cima de um heterossexual alemão, eu acabei percebendo que heterossexualidade e homossexualidade é a mesma desgraça no mundo inteiro, embora os homens alemães me causem mais paixão do que atração sexual, eu sei que no fim sempre eu terei um final ruim: o homem ao invés de me esculachar , me bater e me perseguir como é no Brasil, ele simplesmente irá ser indiferente comigo, no fim das contas tudo termina em desprezo mesmo. Na Alemanha, você anda nas esquinas e não é raro se apaixonar a todo momento, afinal tem muitos homens chamativos andando soltos nas ruas, dá até vontade de dar flores para cada um deles, mas como diria o filme “O Bebê de Rosemary”:
—Ele não é seu, ele é de Satã!

Nenhum homem que eu gosto pode ser meu mesmo, eu sinto que a minha mãe deve se deliciar com essa situação minha, eu sinto que nossos pais, quando somos homossexuais, se deliciam com os boicotes que temos na nossa falta de vida sexual.

Voltando ao assunto, teve uma vez que eu quis sair da Alemanha para conhecer um pouco os Países  Baixos. Então como os Países Baixos fazem fronteira com a Alemanha, tomei um avião da KLM e fui.  Eu estava entrando dentro do meu avião e de repente vi um rapaz com uns 24 anos, ele se vestia assim como o Sol do Mackenzie que me deu o primeiro fora na vida, os seus olhos eram azuis e o rapaz era lindo mas pra minha desgraça, o tal rapaz alemão heterossexual ficou me olhando com espanto como se eu tivesse o pego fazendo algo muito grave, sabe quando uma mulher heterossexual vagabunda trai o marido com outro na cama quando o marido vai trabalhar e de repente ele chega e a surpreende com o amante? A vagabunda fica com uma cara de temor total, não é? Pois é, foi exatamente com essa cara que o rapaz alemão lindo e hetero me olhou.  Bom, eu como nunca tive ninguém na vida, sempre vivendo de masturbação em xvideo, sem nunca ter beijado ou abraçado alguém, fiquei tentando interpretar o olhar daquele jovem tão lindo, nós gays que gostamos de heteros sempre achamos que o olhar de um cara bonito é o sinal de um amor, de uma paixão, de uma bença dos deuses que finalmente se comoveram com a nossa situação tão triste.
Pois bem, fiquei pensando se o rapaz me olhou assim por que eu parecia alguém que viu ele fazendo algo errado, como um assassinato, a um tempo atrás, fiquei pensando também que o meu ziper poderia estar aberto, também fiquei pensando se meu nariz estava sujo ou se meu cabelo estava com caspa, depois me deliciei achando que também poderia ter sido um olhar de paixão reprimida, mas depois de muito meditar cheguei à conclusão mais plausível: o rapaz lindo me olhou daquela maneira porque ele me achou tão feio que ficou apavorado, assim como quem vê um lobisomem! Não tem outra explicação! Eu sei que no Brasil quando um hétero é racista , homofóbico e bonito ele nos olha com cara ódio misturado com um olhar fatal tipo que dizendo: eu vou te matar se você olhar mais, é um olhar provocativo para briga mesmo.

O rapaz hetero alemão do avião me olhava não me chamando pra briga como seria típico de um brasileiro mas sim com um olhar de espanto, um olhar de quem fez algo muito grave e foi descoberto. Vai ver que esse é o jeito alemão de expressar homofobia ou racismo, sei lá!

Bem, a viagem havia terminado e eu já estava na Holanda, fiquei fazendo hora pra sair do meu banco pois eu não queria ver aquele rapaz bonito de novo, eu me conheço e sei que ele me faria me apaixonar por ele muito facilmente, então eu quis evitar, mas como a vida é sacana, eu sai e o rapaz ainda estava la fora falando enrolado com o seu vô. Não resisti e dei uma olhadinha pra ele de novo, ele estava distraído e nem ligou mais pra mim. Como sempre, nunca tenho sorte com essas coisas.

Depois, na pista do aeroporto, vi um flanelinha de avião usando óculos preto, aparentava uns 22 anos, ele ficou me olhando também, não com aquela cara de espanto do alemão, mas com cara de quem estava trabalhando tanto que achava tudo sem graça alguma. Ele era bontinho mas e daí, como sempre, hetero , bonito e que me interessa, só as vagabundas e novinhas do baile funk podem ter, eu só presto mesmo pra trabalhar, comer , fazer blog e dormir. Só!
Sexo e vida afetiva é coisa só da nobreza heterossexual reptiliana que vive numa realidade bem alem da minha, realidade de gente que é amada…

Resumindo, a maioria dos alemães heterossexuais não irão lhe chamar pra porrada como acontece na América, por eles, você cai no chão morrendo e ninguém liga.

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