Suicídio

Eu a vida toda cresci com as pessoas dizendo que todos nós temos alguém para namorar, as amigas da minha mãe sempre me perguntavam quando eu era novo se eu tinha uma namorada, eu ficava rindo não sabia o que dizer…

Passaram-se muitos anos, muitos “amigos” meu namoraram bastante, traíram suas parceiras, se casaram e tiveram filhos. E  eu? Continuei só! Tão só como um objeto perdido no hiper espaço.

Quando jovem, ainda tinha esperanças,  achava que algum cara bonito, safado e comedor de mulheres pudesse se interessar por mim , me dar um abraço e se eu tivesse muita sorte, me comer.
Que audácia a minha!

Com o tempo vi que meu destino estava traçado: ser gay e gostar de caras heterossexuais, aqueles mais bontinhos e carismáticos da escola ou do trabalho, deles eu só ganharia indiferença e violência, isso eu percebi quando eu levei o fora do menino albino la no Mackenzie.

Procurei psiquiatras, terapeutas e tudo mais, no máximo essas pragas me receitavam fluoxetina que pra mim não dava porra de efeito algum. Muitas vezes eu saia dos consultórios desses profissionais da saúde mental e em volta da rua onde eles ficavam era cheios de meninos mauricinhos lindos que me davam mais depressão ainda, depressão de saber que existe sim quem me faça gostar mas que jamais gostará de mim nem comigo pintado de ouro, gente que pra mulher seria muito fácil, mas pra mim seria impossível, foi isso que aconteceu comigo na PUC de Perdizes e na casa psiquiátrica da Vila Mariana.

Depois de ver que psicólogos, terapeutas e psiquiatras não entendiam bulufas do meu caso, tentei ver o ocultismo, fui até no programa do Luiz Gasparetto na TV e nada, só ganhei exposição.

Hoje em dia não tem um momento em que eu não pense em me dar um tiro no meio da têmpora e sair desse mundo de fininho, sem aborrecer ninguém. Penso nisso religiosamente todos os dias.
Eu fico pensando como seria o mundo sem mim nele, será que existe vida após a morte? Será que se existir, eu ainda depois de morto iria gostar de pessoas que não sentem absolutamente nada por mim?
Os espiritualistas gostam de dizer que suicídio não acaba com problemas, mas os intensifica, logo…
Ah! Gente espiritualista fala muita merda também, viu?!

Penso em tomar pesticida forte de fazenda todos os dias, mas tenho medo de vomitar e ficar muito mal tendo que ir pra um SUS da vida e ainda por cima perder o pouco de saúde que tenho e depois ir parar na rua por não conseguir emprego mais.

Quando eu olho pra mim e vejo que nenhum ser humano do cosmo por quem eu me interesso, sente nada por mim, eu fico pensando: pra que bosta eu nasci nessa merda? Ninguém se interessa por mim, não tenho capacidade pra nada, não tenho talento pra nada, pra que eu nasci? Já tá mais que claro que eu nunca vou ter ninguém. Eu posso me vestir bem, usar roupas boas, usar perfume, me limpar, me comportar que simplesmente NÃO ACONTECE NADA, ABSOLUTAMENTE NADAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAA!

Isso é vida?

Eu posso sumir, ficar 30 dias fora que ninguém sente minha falta. Ou seja, eu me sinto um coadjuvante, uma pessoa que pode fazer o que quiser que continuará no zero absoluto. Por isso eu gostaria de tirar a  minha vida e acho que todo mundo que tem um problema sem solução deveria ter esse direito garantido por lei.

A minha vida já chegou a um ponto que eu sei que não vai dar mais em nada: pobre, feio, sem talento, não sobe no trabalho, não tem nada que as pessoas queiram em mim.

Confesso, quando eu peguei o meu primeiro avião, não era com intenção em viajar nada, eu queria mesmo que o avião caísse e eu morresse, tanto é que eu tinha avisado em casa o que cada pessoa deveria fazer caso isso ocorresse.

Eu queria ser amado, quisto, eu queria sentir o ciúme dos homens por mim, eu queria saber como é ser abraçado por um ser que eu gosto, cheiroso que tome posse de mim e que fosse um macho, não uma bicha fazendo cosplay de heterossexual pra me tapear.

Enfim, eu queria abandonar essa vida sem significado algum.

E ainda vem aquelas empresas falarem de VALORIZAÇÃO DA VIDA, claro, essas empresas ganham dinheiro com a minha desgraça, ok, eu não me suicido e a minha dor, eu faço o que com ela?
Por acaso  essas empresas vão mandar um homem do jeito que eu gosto se apaixonar por mim?

Nem o Deus (se existe), nem o reinado de Satanás na terra, nem os espíritas foram capazes de me dar um norte, o que dirá a porcaria dessas ONGs contra o suicídio.

Eu quero morrer!

Eu quero levar um tiro na cabeça!

Chega de ver gente rica se ostentando, tendo tudo o que eu mais queria ter na vida enquanto eu mesmo não tenho nada, não tenho uma pessoa nem pra me dar um selinho, enquanto isso,a minha mãe foi prostituta e teve quem ela quis.

Chega!

Eu odeio viver como um zé ninguém sem valor! Uma coisa que anda na rua feito um vento que ninguém nem liga! Uma coisa que não gera nada em ninguém. Chega!