Eu vi quatro mauricinhos em Perdizes

Para quem não sabe, eu sou um gay que adora mauricinhos, eu não sei se devido ao meu estado de miséria e fracasso permanente eu goste tanto assim de pessoas opostas a mim. Pode ser projeção? Pode! Pode ser recalque? Pode! Mas quem disse que o mecanismo de atração humana / animal não faz isso de propósito para deixar a própria espécie mais forte sempre?

Bom, teoria da evolução à parte só sei que me senti muito atraído por aqueles rapazes, a energia deles me desconcertou, eu senti uma espécie de calor vindo deles e passando através do meu peito, como se fosse algo radioativo que me transparecia, eu senti uma masculinidade gostosa e não vulgar vinda deles, era algo que “aquecia” o meu pescoço. Assim como fazem nas travessias de faróis na Alemanha, eu queria ficar encarando aqueles rapazes, eu queria ficar “secando eles” por horas pois literalmente eles eram dos pés à cabeça do jeito que eu gosto.

Hoje em dia quando você vê rapazes andando na rua de bermuda e juntos, sem ser malandros, geralmente são aquelas gays bem afrontosas, sempre querendo chamar atenção a qualquer custo falando em claro e bom som assuntos envolvendo a sexualidade deles como se estivesse convidando você a participar… Eu não gosto, primeiro que a energia gay me inspira competitividade, rivalidade e endeusamento de mulheres consideradas “divas” e eu já passei dessa fase !
Segundo que tem umas gays que não se tocam, querem compensar todos anos que ficaram reprimidas pela sociedade em um único dia, forçando a barra:
Uma vez eu estava pegando ônibus de noite, em frente a um local onde a Anitta tinha acabado de dar um show, eu fiquei perplexo, eu nunca vi tando gay junto na minha vida, eu senti exatamente o que os machos conservadores sentem, um monte deles me olhava de uma forma indecente e melosa, então quatro delas em grupo, bêbadas e acompanhada de uma “diva” (amiguinha exploradora de viados) passaram por mim, um viado desse grupo, me encarou, ficou rebolando, eu fiquei olhando sério e aí a atrevida me chamou de feio, horrível e depois chegou bem perto de mim e gritou
–“I LOVE YOU!”
Credo! Me senti uma mulher sendo abusada por outra! Que nojo! Que “quebração de louça” tensa!
As outras bichas então a puxaram de perto de mim com medo de eu dar um chega pra lá nela e se foram. Daquele dia em diante eu entendi o que os machinhos homofóbicos metidos que eu gosto, sentem. Depois disso, sempre que vejo um cara que me atrai, eu deixo pra lá, nem fico olhando muito! Não vou poder ter mesmo! Faço-me de “A egípcia” e ignoro!

Pois é, mas os mauricinhos que eu vi em Perdizes não me afrontaram, eles tinham em média uns 23 anos, estavam curtindo os assuntos deles numa noite quente de sexta, eles nem me olharam feio, o que é raro no Brasil, afinal, gente de classe média quando me vê na rua ou fica assustada e aperta o passo ou se for homem, cospe no chão em sinal de repúdio.

Bom, esses mauricinhos vinham na minha direção, baixei os olhos em sinal de constrangimento de forma tão brusca que qualquer um perceberia que ou eu estava mal-intencionado ou estava claramente reprimindo minha excitação sexual graças ao medo de rejeição forte.

Eles não se vestiam com marcas de ostentação, tinham cabelos grossos e ondulados (amo caras com cabelos ondulados e grossos bem definidos) , estavam bem limpos e descontraídos, por muito pouco não esbarrei neles. Me deu uma vontade de ser uma putinha submissa e alisar todos, cheirar todos, transar com todos, sentir o calor de todos! Eles eram bem masculinos mas não rudes, suas vozes eram másculas mas não violentas ou irritantes, eram jovens mas não usavam gírias, ou seja, não eram vagabundos.

Com certeza os pais deles eram juízes, engenheiros, funcionários públicos do governo federal, médicos, políticos e grandes empresários, enquanto eu era um simples viado, literalmente um filho da puta que viveu a vida toda nas bocas de ralos, entre crianças loucas fedendo a mijo, bandidos, gente que toca som alto no talo o dia todo e que cospe e escarra com orgulho por onde passa. Tudo com o cheiro de mijo e bosta seca fazendo parte do plano de fundo. Será que é por isso que a minha atração por mauricinhos heteros é tão intensa assim? Seria a minha atração por rapazes assim um pedido de ajuda para eu mudar de vida?

Ah se eu fosse mulher!

Depois mais a frente, encontrei um outro mauricinho, esse era mais magrinho e baixinho, mas também era bonitinho, enfim, pra quem nasceu com a sexualidade de acordo com o seu corpo, o mundo tem vários tipos de parceiros que lhe rendem os mais ricos divertidos tipos de orgasmos, enquanto que pra mim que nasceu gay, miserável e gostando de heterossexuais, só resta me masturbar, ver os contos espíritas de Saulo Cauderon e do Roberto Pineda do site projecaoastral.com além de me distrair aqueles contos mirabolantes de experiências de quase morte do canal Afinal O que Somos Nós do físico Carlos, depois no fim da noite, sem ninguém pra conversar na internet, eu fico assistindo macumbarias do canal Isso não é PodCast e da mestra Avinash com a treta do Vicky Vanilla, é só isso que me dá alguns segundos de alegria nessa vida, o restante é tudo automático: vou vivendo pra pagar as contas pois sei que sucesso e amor nunca irão bater à minha porta mesmo e nem se eu for atrás como eu fazia quando eu era jovem, os terei.

Viva à depressão controlada!

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