Eu tinha um patrão em 2005 que vivia falando de um sobrinho dele. Ele falava que esse sobrinho era perigoso e que tinha medo dele o achá-lo. Eu fiquei atraído por esse sobrinho dele sem mesmo eu conhece-lo. Quando o meu patrão falava das coisas que era dele ou sobre algum fato sobre o tal sobrinho, eu sentia um amor por esse sobrinho, era estranho afinal eu não o conhecia.
Então esse meu patrão decidiu mudar o seu escritório para parte do imóvel onde esse tal sobrinho dele morava, eles tinham feito as pazes. Ele até usou o carro do tal sobrinho para me pegar e pagar alguns pertences do escritório antigo. Eu me senti atraído pelo carro, como que aquele carro estivesse emanando amor pra mim(coitado de mim) .
Bom, começo de dia e eu estava no novo ambiente onde o meu patrão havia se instalado, ele me avisou que o tal sobrinho dele poderia entrar no local buscando alguma coisa e eu não deveria me assustar.
Alex então entrou no local onde eu estava, ele tinha uma cara de pessoa insatisfeita e estava meio bravo mas não me fez nada, eu o fiquei observado, da primeira vez eu impliquei com ele, primeiro porque ele era jovem, tinha cara de uns 24 anos(sou meio cismado pois jovens são na maioria das vezes homofóbicos), e segundo porque ele parecia ter uma cara de implicante, não gosto de gente que fica dando ataques à toa. Bom, não quis papo com ele e deixei pra lá, mesmo assim ele me despertou curiosidade.
Teve um dia então que eu fui à cozinha da empresa para preparar uma maionese e algo para eu e meu patrão comermos, eu sempre fui criativo demais na cozinha, então fiz uma maionese bem estranha e gostosa. Nisso chega Alex e sua mãe para conversarem com o meu patrão, eu notava que eles estavam com raiva mas se aturavam e iam conversando, eu me afastei. Então eles ficaram almoçando la e eu fiquei almoçando em outro local, fiquei com medo de ter homofobia do tal sobrinho do meu patrão. De repente o tal Alex diz ao meu patrão que a comida estava muito boa e perguntou quem havia feito, meu patrão disse que quem fez a comida era eu.
Fiquei todo envergonhado.
Passaram-se alguns meses e Alex já não estava bravo, vivia rindo e feliz, ele era casado (enrolado) e mesmo assim ia no local onde eu ficava na empresa me contar que transava com as mulheres no porão da empresa escondido, fiquei perplexo e aquilo me excitava, pensei que ele tinha um open relationship.
Percebendo eu que Alex era fogoso, então decidi falar na lingua dele, liguei cedo pra ele no outro dia e fiquei falando putarias. Na verdade eu não queria falar putarias pra ele, eu apenas queria chamar a sua atenção.
Então meu patrão chega e eu aviso que tinha que desligar, nisso Alex me provoca dizendo:
“Nossa! me deixa assim e vai desligar?”
Até hoje essa frase me suscitou duvida. Será que ele ficou excitado ou apenas quis tirar onda com a minha cara?
Bom, então eu ligo outro dia para ele falando putarias e então ele me dá corda mas falava se eu tinha coragem de falar isso na cara dele, eu fiquei com medo e ele ria pois enquanto eu falava tanta obscenidade ele estava estacionando de carro em frente à porta da empresa onde eu estava, eu fiquei muito desconcertado e ficamos a rir. Eu gostava de inferniza-lo o beliscando ou pedindo para sentar no colo dele na frente de todo mundo.
Bom, teve um dia que eu liguei para ele para falar coisas engraçadas de novo, então ele deixou eu falar e colocou no viva voz para a mulher dele escutar, ele ficou rindo e a mulher dele depois me deu um sermão feio dizendo que o marido dela não era viado!
Ora bolas! Eu tenho uma bronca desse pessoal que acha que gay só gosta de outro gay!
Depois disso eu descobri que na verdade Alex estava feliz é porque na nossa empresa tinha uma menina chamada Rose que era minha amiga, então ele me dava corda para chegar perto de minha amiga. Ele fazia tudo o que eu tentava fazer com ele, mas com a minha amiga.
Uma vez ele chamou Rose às escondidas para lhe pagar um almoço! Porra! Ninguém nunca me chamou para almoçar para dar em cima de mim. No outro dia eu fui perguntar a ele se ele poderia me chamar para almoçar também. Eu recebi uma resposta que me deixou muito triste. Ele disse que poderia até me lavar para almoçar mas a “sobremesa” seria para a minha amiga!
Me senti tão lixo, tão desprezado com isso que lembrei a condição eterna a que eu fui submetido: a de ser o gay eterno que fica em segundo plano para tudo e todos.
Então para terminar com toda essa ilusão, chamei Alex pra fora da empresa , na garagem, e falei que eu estava gostando dele e se eu poderia ter uma chance com ele, ele veio todo se achando com um pedaço de salsicha na boca e me disse que tinha vários amigos gays mas que me queria só como AMIGO.
Me veio uma tristeza viceral, mais uma vez na vida eu repetia esse carma maldito de sempre me dar mal com esses assuntos desgraçados. Bati o portão na cara dele e fui embora pra casa chorando copiosamente. Ele ficou me chamando, mas eu nem quis voltar. Saí daquele emprego para não ter mais que ve-lo e fui embora.
Fiquei chorando desolado dentro do ônibus para casa, aquele seria mais um de centenas de “NÃO” que eu havia levado. Como é triste saber que ninguém que lhe interessa no mundo pode ser seu. Já as suas amigas vagabundas podem ter quem quiserem sem esforço nenhum.
Por isso que todos os dias eu penso em me matar.
Pra quem quiser saber como era Alex, ele parecia o kaiser Guilherme II quando mais novo. Hoje em dia, para a minha vingança, mesmo parece uma bola de pilates de tão gordo.