Muitos assuntos que eu escuto por aí me deixam com uma sensação de ser um verdadeiro alienígena refugiado num planeta que não tem nada a ver comigo. Explico:
No dia a dia nas TVs, jornais e rodas de amigos, os temas como estupro, traição, briga com namorado, uso de camisinha, gravidez precoce são muito comentados. Não é raro no Brasil você ligar a TV e ter lá um apresentador de jornal falando de estupro, marido que matou a mulher por ciumes e outras coisas.
De relance eu as vezes escuto comentários sobre todos esses temas acima e fico me sentindo um paspalho, um indiferente, um ser morador de marte. Eu até me pergunto: em qual língua essas pessoas malditas estão falando? Em alemão? japonês? Eu não sei! Eu não e não consigo entender, é como se eu fosse um sujeito refugiado tentando entrar na cultura dinamarquesa ou sueca.
Teve uma vez em que a minha mãe estava falando da vida sexual dos netos da patroa dela, segundo ela, os tais netos de sua patroa queriam levar as namoradas para dentro da casa da avó mas a avó não gostava e as vezes não permitia também, afinal eles tinham a casa deles e só iam pra lá namorar e pedir dinheiro, sendo que cada um deles recebiam uma ajuda de custo(mesada) de três mil reais. A minha mãe dizia que a avó, sua patroa, as vezes brigava com a namorada dos meninos por eles fazerem a casa dela de motel. A minha mãe sempre defendeu que é bom o filho transar dentro de casa pois seria mais seguro e que por isso, fazer a casa de motel seria melhor, sim, eu tenho muito nojo da minha mãe.
Bom, a minha mãe ficava defendendo os coitadinhos que queriam transar na casa da avó. Na minha opinião a avó tinha que expulsar os netos sim, afinal eles tinham a casa própria deles, a casa da mãe e ainda contavam com uma ajuda de custo que poderiam muito bem pagar um local para exercerem as suas necessidades físicas privilegiadas.
Aí eu fiquei com os meus botões pensando: a minha mãe nunca se quer parou para saber da minha vida, ou melhor, falta de vida sexual que eu tenho. Qualquer assunto que ela sente que pode levar eu a falar sobre alguém que eu goste, ela desvia, muda, pára, interrompe ou finge ver as 600 novelas que ela é viciada em ver, alias, todo mundo quer falar de suas vidas sexuais comigo mas quado eu vou falar de coisas como o tipo de cara que eu gosto, quem eu gosto e tudo mais ou o povo pergunta se é gay ou já me ignora e me corta. Mas é muita sacanagem, a minha mãe fala mais da vida sexual dos netos da patroa dela mas não quer nem saber se eu sofro por gostar de sabe-se lá quem.
Quando alguém fala na TV sobre como se usar camisinha, pra soa completamente estranho, afinal, o que é camisinha? como se usa? será que alguém chega a precisar disso? Pois é, pra mim que nunca se quer conseguiu dar um abraço ou aperto de mão em alguém que gostasse, eu fico imaginando que grau numa escala galática de intimidade uma pessoa precisa ter para usar uma camisinha. Isso pra mim é que nem caviar: nunca vi, nem comi, eu só ouço falar… Isso é coisa do mundo dos deuses, da realeza reptiliana heterossexual que tem desses luxos.
E no carnaval brasileiro? Reza a lenda que nos carnavais brasileiros, alem de ter muito assalto, as pessoas vão lá para terem sexo farto quando acham alguém que gostam. Nossa! Pra mim isso é uma coisa também TOTALMENTE alienígena! Como é que é? Sair na rua numa festa, achar alguém que me agrade e ainda ganhar sexo grátis? Isso é só no mundo das realezas reptilianas heterossexuais. Isso não me pertence, isso não existe pra mim. Imagine só, eu nas ruas brasileiras olhar para alguém que me interesse: essa pessoa irá escarrar com toda vontade no chão ou em mim.
Por isso eu não entendo esses avisos que no carnaval a pessoa tem que redobrar a atenção com AIDS, eu não entendo esse alerta, não sei pra que ele serve, não é do meu mundo.
E quando se fala de estupro? Vira e mexe eu vejo várias mulheres na TV chorando e clamando por justiça por conta de um estuprador que, segundo elas, acabou com as suas vidas. Todo mundo de sensibiliza com a vítima estuprada a ponto de caçarem os estupradores para os matarem. Bom, eu também não entendo isso: como alguém pode ser tão atraente a ponto de fazer um homem perder o controle moral e social e ir atacar alguém por puro instinto? Poxa vida, o único instinto que eu desperto nos homens é ira, ódio e nojo. Pra mim é algo inconcebível. É mais fácil o universo inteiro caber na palma da minha mão do que um homem querer me estuprar. Tudo bem que a maioria dos estupradores não são atraentes , se não, não precisariam estuprar, mas pensar em um ser humano do sexo masculino tentando obter a penetração forçada em mim é algo tão delirante como eu me tornar o presidente da Microsoft. Não tem como!
Assunto de casamento, traição e outros, nem sei o que é. Trair? Pra mim que nunca teve alguém no cosmos, imaginar que existem pessoas que podem ter 1, 2, 4 ou 10 parceiros(as) ao mesmo tempo é algo incalculável que foge à minha realidade dimensional atual, é como querer calcular o número de todas as estrelas existentes em todo o universo profundo. Não existe a menor chance de se entender tamanha complexidade ou grandeza, eu não sei o que é nem se quer pegar a mão da pessoa amada, quanto mais, trair com mais de um parceiro, isso realmente não existe pra mim e me choca quando ouço alguém falar.